Guia Completo de Proteção Passiva Contra Incêndio: Materiais, Equipamentos e Boas Práticas para Execução Segura
Matheus Fernando Rowlands
1. O Que É Proteção Passiva Contra Incêndio?
Proteção passiva é o conjunto de sistemas que retardam a propagação do fogo e do calor, protegendo estruturas e compartimentações, mesmo quando não há ação humana ou acionamento de dispositivos.
Diferente da proteção ativa (sprinklers, hidrantes, detectores), ela funciona sozinha, desde que aplicada corretamente.
Os três objetivos principais da proteção passiva são:
Manter a resistência estrutural por mais tempo
Evitar a propagação do fogo e da fumaça entre áreas
Garantir tempo para evacuação segura
2. Onde a Proteção Passiva é Obrigatória?
De forma geral, é exigida em:
Estruturas metálicas e de concreto expostas (galpões, shoppings, prédios corporativos)
Tubulações e shafts que atravessam paredes corta-fogo
Salas elétricas e salas de bombas
Fachadas ventiladas
Áreas com grande fluxo de pessoas
Indústrias químicas, petroquímicas, alimentícias e logísticas
Normas envolvidas (as mais usadas):
NBR 14432 – Determinação da carga de incêndio
NBR 5628 – Resistência ao fogo
IT-08, IT-09 e IT-10 – Regras do Corpo de Bombeiros (variando por estado)
NBR 16877 – Selagens corta-fogo
Documentos de fabricantes
3. Principais Sistemas de Proteção Passiva
3.1 Tinta Intumescente para Estruturas Metálicas
A mais utilizada em obras comerciais e industriais.
Quando exposta ao fogo, ela expande e forma uma camada isolante que impede o aquecimento rápido da estrutura metálica.
Usos comuns:
Vigas, pilares e perfis metálicos
Estruturas aparentes em galpões
Mezaninos e escadas metálicas
Cuidados técnicos:
Preparação da superfície com SPPA adequada
Medição de espessura úmida (WFT) e seca (DFT)
Respeitar temperatura e umidade
Escolher a bomba correta para a viscosidade do produto
3.2 Argamassa Projetada
Muito utilizada em obras industriais e estruturas de grande porte.
Vantagens:
Altíssima resistência térmica
Ideal para grandes áreas
Boa produtividade com equipes treinadas
E onde aplicar:
Estruturas metálicas
Estruturas de concreto
Túneis
3.3 Selagens Corta-Fogo
Uma das partes mais críticas — e onde acontecem mais reprovações.
As selagens evitam a propagação de fogo e fumaça por:
Passagens de cabos
Dutos
Tubulação de água/ar condicionado
Shafts
Junções entre laje e parede
Materiais típicos:
Manta elastomérica
Traves (batentes) corta-fogo
Selante acrílico/intumescente
Argamassa spray
3.4 Proteção de Dutos e Cabos
Usando:
Mantas com fibras nobres
Caixas corta-fogo
Revestimentos intumescentes aplicados em dutos metálicos
4. Equipamentos Necessários Para Aplicação Profissional
4.1 Para Tinta Intumescente (Sistema Airless)
Bomba Airless profissional (1 a 3 pistões, conforme o produto)
Pistolas de alta pressão
Mangueiras com pressão adequada
Filtros específicos para intumescente
Misturadores mecânicos
Medidor de espessura úmida (Wet Film Gauge)
Medidor de espessura seca (DFT Gauge)
EPIs adequados
Ponto crítico:
Tinta intumescente costuma ter alta viscosidade — máquinas fracas simplesmente não suportam.
4.2 Para Argamassa Projetada
Misturador Horizontal
Bomba de Projeção com Rotor e Estator
Compressor de Ar
Mangueiras Reforçadas
Pistola de Projeção
Medidor de espessura (Paquímetro)
4.3 Para Selagens Corta-Fogo
Espátulas
Aplicadores manuais
Pistolas de calafetagem
Trenas e gabaritos
Lâminas para corte de mantas
Aspirador (para preparar a superfície)
5. Os Erros Mais Comuns na Proteção Passiva (E Como Evitar)
Erro 1 — Aplicar sem medir espessura
A maioria das reprovações vem daqui.
Como evitar:
Use WFT e DFT em todas as etapas.
Erro 2 — Máquina errada para o material
A bomba trava, o produto separa, o acabamento fica ruim.
Erro 3 — Ignorar condições climáticas
Umidade alta = intumescente não cura.
Sol forte = seca rápido demais.
Erro 4 — Falta de preparação da superfície
Trincas, ferrugem, sujeira = descolamento.
Erro 5 — Selagens improvisadas
O “dá um jeito” causa reprovação certa.
Erro 6 — Não seguir o laudo do fabricante
Cada produto tem espessuras, tempos e processos específicos.
6. Como Escolher Materiais e Equipamentos Com Segurança
Aqui vai uma regra simples:
1. Veja qual sistema atende a carga de incêndio e a resistência necessária (30, 60, 90 ou 120 min).
2. Use produto homologado e testado.
3. Escolha equipamentos compatíveis com viscosidade e método de aplicação.
4. Certifique-se de que existe suporte técnico real do fabricante.
5. Não improvise — proteção passiva é técnica.
7. Checklist Prático Para Aplicadores e Empresas
Antes da aplicação
Superfície preparada
Produto dentro do prazo
Máquina revisada
Condição climática favorável
Durante
Medir WFT a cada sessão
Movimentação contínua da pistola
Velocidade constante
Sobreposição adequada
Depois
Medir DFT em vários pontos
Laudo fotográfico
Garantir cura total
Limpeza e proteção da área
Conclusão
A proteção passiva não é apenas exigência — é um sistema técnico que precisa de conhecimento, materiais certos e equipamentos adequados. Pequenos erros geram atrasos, reprovações e retrabalhos caros.
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